segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Obrigada pelas Recordações, de Cecelia Ahern - Opinião

Obrigada Pelas Recordações, de Cecelia Ahern

Quando Joyce Conway acorda no hospital depois de uma queda grave, sabe que a sua vida nunca mais será a mesma. Não só perdeu o filho que carregava no ventre, como se apercebe que o seu casamento chegou a um beco sem saída. Mas estas não são as únicas consequências. Joyce simplesmente já não é a mesma pessoa. De repente disserta sobre arte e arquitectura europeias, tem hábitos alimentares completamente diferentes, fala sobre ruas parisienses onde nunca esteve… e cruza-se amiúde com um homem a quem sente que está estranhamente ligada…

Antes de começar devo dizer que gosto bastante desta autora. Apaixonei-me por ela com o P.S – Eu Amo-te e conquistou-me definitivamente com o Um Lugar Chamado Aqui. Por isso é sempre um bom motivo regressar à sua escrita.
Este livro comprei-o numa daquelas promoções que a Presença faz pelo facebook em que angariamos amigos inscritos e escolhemos livros em que só pagamos os portes de envio. Foi uma oportunidade excelente para ler algo mais da autora.
E não desiludiu…
Ao contrário dos dois livros já mencionados, e até do Para Sempre, Talvez, este livro é bastante mais leve e divertido. Capta-nos a atenção desde o primeiro minuto pela forma leve como é escrito a duas vozes. Ou seja, tanto vemos o mundo e os acontecimentos pela mão de Joyce como o vemos pela mão de Justin.
Joyce sofre uma queda grave que lhe transforma a vida por completo. No hospital recebe uma dádiva de sangue. Sangue doado por Justin, que tem pavor a agulhas mas não viu outra alternativa para captar a atenção de Sarah. Confuso? Nada disso.
A partir daqui Joyce passa a ter conhecimentos que nunca tivera. Passa a saber o ano de construção dos edifícios, o estilo arquitectónico, o tipo de pintura do quadro que vem no jornal. Curiosamente, exactamente a área de interesse de Justin, professor de arquitectura e belas-artes, além de escritor de arte. Coincidência? Talvez…
Mas quando Joyce começa a ter recordações de jantares em Paris, de uma criança loira a brincar no parque, de uma mulher, de um casamento…. Ela percebe que aqueles flashes nada mais são que recordações de outrem. E uma teoria começa a formar-se.
As personagens são fabulosas. O pai de Joyce faz-nos apaixonar por ele às primeiras linhas. A forma como fuma às escondidas e baixa a foto da falecida mulher para ela não ver… ou a maneira como rege a sua vida pelo programa que dá na televisão e as segundas-feiras no clube. Por vezes faz-nos rir com cenas como a do aeroporto ou a das filmagens do seu programa favorito.
Outra personagem hilariante é Doris, cunhada de Justin, que juntamente com Al, o marido, fazem um par engraçadíssimo.
Ou seja, um desfiar de personagens engraçadas, de situações absurdas, hilariantes e ao mesmo tempo apaixonantes. Sem dúvida um livro leve e que, no meio de tanta aventura, nos faz pensar em algo.
Já várias vezes foi discutida, e continua a ser amiúde, a questão de quanto de uma pessoa passa para a outra quando os órgãos são transplantados. Terão os órgãos “memória” do corpo que habitavam que possa influenciar o novo? Existem vários filmes romanceados em que essa questão é levantada. E o sangue? O sangue que damos a outrem?

Mas, pronto… a minha função aqui é dar-vos a minha opinião e não conjecturas sobre transfusões ou transplantações. E o que vos posso dizer é que Obrigada pelas Recordações é um excelente livro para as noites frias enroladas na manta ou à lareira, ou até no parque envoltos pelas folhas amareladas do Outono. Sempre uma boa opção. 

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Jogo de Mãos, de Nora Roberts - Opinião

Jogo de Mãos, de Nora Roberts

Uma história cheia de glamour e suspense sobre o amor, chantagem e magia.
Max Nouvelle é o patriarca de uma ilustre família de ilusionistas e ladrões de jóias, constituída por Lily - a sua companheira; Roxanne - a sua filha, tão linda quanto casmurra; e Luke - um rapaz que Max recolheu das ruas e que entretanto se transformou num homem muito interessante. No palco fazem números elaborados e, fora dele, assaltos ainda mais refinados. Durante muitos anos Roxanne e Luke deram-se como cão e gato mas agora, já adultos, descobrem que há entre eles algo que não esperavam. Mas é então que Luke, receoso que o seu passado manche a sua família adoptiva, é vítima de alguém que quer vingar-se dos Nouvelle. E vão ser precisos alguns anos em fuga antes que ele volte e, juntamente com Roxanne, dê o golpe mais audacioso das suas vidas.
Com Jogo de Mãos, Nora Roberts revela-nos um mundo glamoroso onde a paixão e o mistério se entrelaçam e nada parece o que é.

Já tinha este livro na estante há algum tempo. Empréstimo de uma amiga que se foi prolongando… e prolongando. Já tinha pegado nele, confesso, umas três vezes. Mas havia sempre algo que se metia no meio e não passava das primeiras páginas.
Desta vez foi de vez!
Não foi dos livros da Nora Roberts que mais me seduziu. Tem uma história fluida e interessante. As personagens são rebuscadas e intrigantes. A história de vida de Luke é impressionante e proporciona o lado negro da narrativa. Jogo de Mãos é uma história de amor, traição, dever, perdão e agradecimento. Tudo envolvido com uma pitada de magia.
Os Nouvelle são mágicos reconhecidos. Encantam quem os vai ver com os seus brilhantes malabarismos e magias de deixar qualquer um de boca aberta. Num plano familiar são uma família como as outras que coloca o bem estar de todos em principal plano. O segredo? Equilibrar a magia com o roubo dos ricos. Bem… não é bem roubo. É apenas uma maneira diferente de redistribuir a riqueza por quem precisa.
Luke, fugido de casa, é atraído por um cartaz e sem saber como de um momento para o outro vê-se membro daquela família. É bem acolhido e gosta de todos… excepto Roxanne. A chata miúda ruiva filha de Max.
Pelas palavras viajamos pela infância dos dois, pela adolescência, pela crescente ebulição que ocorre entre os dois.
No meio das ilusões mágicas encontramos uma história de amor bem típica da autora. A relação de Roxanne e Luke é bastante conturbada e a cada capítulo ganha um novo ingrediente.
A minha personagem preferida? Sem dúvida Max. O ilusionista que tudo faz pela família e encara a magia como um amor. De tal forma que enceta uma busca incessante pela pedra filosofal.

Não é dos melhores livros da autora, confesso. Mas como leitura de férias, como leitura intermédia, é bastante satisfatório e proporciona umas quantas horas de distracção.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

O Vestido, de Milene Emídio - Opinião

O Vestido, de Milene Emídio
Edição de Autor

Um vestido, um espelho e uma cigana surgem repentinamente na vida de Inês abrindo-lhe a porta a uma vida que até então desconhecia.

Nesta viagem sente-se atraída pelo bosque que a chama insistentemente, mas cedo percebe que o chamamento tem outra fonte bem mais obscura.

Mortes e segredos acabam por enredá-la levando-a a uma inevitável conclusão: a salvação da Herdade está apenas e só nas suas mãos.

Resta-lhe descobrir como. Porém, não esperava conhecer Diogo…

Tinha bastante curiosidade em ler este livrinho. Principalmente por ter o prazer de conhecer a autora, a Milene Emídio, e por considerar ser uma pessoa muito interessante. O livro que me veio parar às mãos foi oferecido pela própria autora ao Bookcrossing para que assim pudesse viajar.
Outra das razões de querer ler o livro é o tema em si.
Inês é uma jovem às compras numa feira quando se apaixona por um vestido na banca de uma cigana. Mas ao experimentar o vestido, Inês é arrastada para uma vida passada onde tem a incumbência de resolver assuntos pendentes. A jovem vê-se então transportada para uma Herdade que depende dela para salvar os seus habitantes e quebrar uma maldição. Pelo meio há Diogo…
Quem me conhece sabe o quão interessante este tema é para mim. Aliás, quem me conhece até percebe que esta não era a melhor altura do momento para ler algo assim… Mas a história é bastante interessante. Gosto do estilo de escrita da Milene, bastante fluído, mas ao mesmo tempo calmo, dando a cada palavra o tempo necessário.
Gostei muito das suas referências à “velha arte”, a celebração dos solstícios e equinócios, aos rituais, etc…
E exactamente por saber que a autora se poderia referir a todos estes temas é que a curiosidade pelo livro era enorme.
Devo dizer que não me senti defraudada. Pelo contrário. Foi uma leitura bastante leve, rápida (porque o livro lê-se de um sopro e agarra-nos de tal forma que não o conseguimos deixar) e muito, mas muito, interessante.
E o final do livro conseguiu, até, ser uma surpresa. Só gostava de ter um vestido como o da Inês para poder resolver assuntos pendentes ;)

Para quem quiser saber mais sobre a autora e comprar o livro podem seguir os links:


sexta-feira, 2 de maio de 2014

A Felicidade de Kati, de Jane Vejjajiva - Opinião

A Felicidade de Kati, de Jane Vejjajiva

Esta é a história de uma menina tailandesa de nove anos que nunca conheceu o pai e cuja mãe sofre de uma doença sem cura. Kati vive com os avós e não vê a mãe há cerca de cinco anos. No final da vida, a mãe chama-a para o último adeus e o seu amor materno incentiva Kati a tomar uma das decisões mais difíceis da sua vida. A Felicidade de Kati é uma história que nos fala, de forma dócil e optimista em grandes valores, tais como a vida, a morte, o amor e o destino. Uma narrativa poética sobre a importância de aceitar aquilo que não podemos mudar.

Sabem aquelas alturas em que não sabemos o que nos apetece ler? Em que corremos as estantes com os olhos e vemos as possibilidades mas parece que nenhuma nos chama?
Eu andava assim. E, pelo canto do olho, um livro sorriu-me. Um pequeno livro que na capa tem uma árvore que solta corações.
E dei-lhe uma chance.
E foi a melhor decisão que tomei!
A Felicidade de Kati é um pequeno livro com uma grande história. A sua escrita doce e fluída faz-me lembrar livros de crianças. Talvez porque a história é contada do ponto de vista de Kati, uma menina de nove anos, e por isso é descrita de maneira simples, da maneira que as crianças falam e compreendem.
Kati é uma criança tailandesa que vive com os avós. Em pequenos capítulos vai descrevendo o seu dia-a-dia. A escola, a comida que a avó faz, as conversas com o avô, a visita diária dos monges que vêm buscar as oferendas. Compreendemos que Kati nas suas descrições não fala do que mais a inquieta: onde está a mãe?
Kati recebe dos avós todo o amor, mas falta a mãe. E aos poucos percebemos que os avós não são gente do campo. Percebemos que existe uma história por trás. E essa história chega com notícias da mãe.
E Kati viaja em busca da mãe, em busca de parte da sua história perdida. E com isso tem de tomar decisões que lhe afectarão da vida. Caminhos que terá de escolher.
Tudo isto numa linguagem fluída, simples, quase poética, e ao mesmo tempo com pinceladas da inocência de uma criança.
Um livro que recomendo. Que se lê de um sopro e que nos deixa com uma lágrima no olho e ao mesmo tempo um sorriso nos lábios.

Uma agradável surpresa!

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Começar de Novo, de Sue Moorcroft - Opinião

Começar de Novo, de Sue Moorcroft

Tess Riddell considera o seu querido Land Rover Freelander mais confiável do que qualquer homem - especialmente o ex-noivo, Olly Gray. Depois deste terminar a relação por e-mail, Tess segue em frente com a vida e muda-se para um chalé perfeito no campo. Tess descobre a alegria da vida na aldeia e é lá que conhece Miles Rattenbury. Ao conversarem, descobrem que são praticamente vizinhos. Separados por todo um mundo, acabam por criar uma amizade tão intensa quanto improvável.
Porém, no momento em que a relação está prestes a tornar-se em algo mais profundo, uma velha paixão vem procurar Miles e abalar a relação…
Será o amor entre ambos forte o suficiente para ultrapassar o passado? Ou vai exigir mais do que estão preparados a dar?

Um romance comovente e divertido sobre uma mulher que aprende que é possível a vida mudar e ficar melhor.

Andava a precisar de uma leitura leve, fresca, romanceada. Começar de Novo chegou mesmo na altura certa e por isso, sem medos, agarrei-me a ele.
Não conhecia a autora, confesso, mas impressionou-me bastante… e no bom sentido. Uma escrita fluída, fácil, que agarra o leitor e o faz viajar pelas suas páginas.
A história é bem simples. Tess, a personagem principal, sofre um revês na vida quando o seu futuro marido cancela o casamento dois dias antes… por email. Decidida a mudar de vida, a esquecer o passado, seguir em frente e fechar a cadeado as lembranças dolorosas, Tess muda-se para o campo, uma aldeia maravilhosa.
Na aldeia Tess é obrigada a enfrentar os seus mais recentes medos: o medo de criar amizades, de falar com as pessoas, de confessar o seu passado. Conhece personagens fascinantes como Angel, Peter, Miles e, a minha preferida, Lucasta, a sua vizinha do lado.
Confesso que Lucasta e sua história de amor clandestina foi a minha parte preferida da leitura.
Através de uma escrita envolvente percebemos a forma como as ideias pré concebidas de Tess mudam à medida que conhece melhor Miles, ou Ratty como é conhecido. Mecânico, filho de “boas famílias” e apaixonado por carros antigos Ratty acredita que o sexo foi criado de propósito para ele, de tanta satisfação que tira ao saltar de cama em cama. Mas Tess revela-se uma agradável surpresa… e uma mais difícil cama. E, aos poucos, a relação conturbada dos dois torna a leitura ainda mais interessante e muito difícil de largar.
Mas…. há sempre um mas… Olly, o ex-noivo, está de volta para assombrar o casal. Também Franca, uma ex-namorada, está de volta. Conseguirá o amor de ambos sobreviver a tudo?
Confesso que quase no final do livro a reviravolta fez-me colocar em causa as ideias que tinha para o final. Algo que não se está à espera e que torna este livro ainda mais delicioso.
Foi, sem dúvida, uma boa leitura, uma boa descoberta. Um romance moderno, actual, instigante e sem aquelas pseudo erotices que andam na moda.

Aconselho a quem quiser passar um bom bocado, distrair-se do dia-a-dia.

terça-feira, 25 de março de 2014

Entrega Total, de Cheryl Holt - Opinião

Entrega Total, de Cheryl Holt
Quinta Essência

Com os últimos bens perdidos ao jogo pelo seu dissoluto irmão, Lady Sarah Compton viajou até uma festa numa casa de campo para desfrutar de um derradeiro momento de graciosidade e de beleza. Contudo, ignora que a ocasião é igualmente um famoso evento, em que membros da aristocracia podem realizar todas as suas fantasias sensuais e caprichos eróticos. Tão-pouco se apercebe de que o homem maravilhoso que entrou furtivamente no seu quarto é nem mais nem menos do que Michael Stevens, um libertino que dá e recebe ousadamente prazer...

Filho bastardo de um conde, Michael Stevens usufrui da sua reputação como o mais famoso sedutor de Londres. Contudo, não faz ideia de como atuar perante a beleza ruiva que quase confundira com uma nova conquista, nem de como uma ingénua poderia ter sido convidada para uma reunião onde a entediada elite de Londres satisfaz os seus desejos carnais. Quando Lady Sarah Compton recusa seguir o aviso de Michael - o de abandonar a casa para seu bem - nasce uma forte atração e ele anseia por ser o seu tutor na arte da paixão…

Após uma cirurgia e com os efeitos ainda da anestesia a baralharem os neurónios a cabeça não permite livros “pesados” ou que nos façam pensar em demasia. Sendo assim Entrega Total, de Cheryl Holt, é o livro ideal. Leve, não obriga a pensar e não obriga a prestar demasiada atenção para conseguir seguir a história.

A autora apresenta-nos um desses romances tórridos e quase pornográficos que andam na moda. Sim, não utilizo a expressão que costumo usar de “pseudo-eróticos” porque neste caso a história passa bem essa fronteira.

Lady Sarah é uma jovem solteirona (com apenas 25 anos mas sendo um livro de época é considerada solteirona) a braços com uma herança perdida, uma casa arruinada e um irmão viciado no jogo que perde até a roupa que têm no corpo. Segue o conselho do irmão e vai até à casa de campo de uma amiga para descansar. No entanto, as intenções do irmão são arranjar-lhe um marido à força que lhe pague as dívidas. E consciente disso não a avisa que a casa de campo da amiga é na verdade um local onde se desenrola uma festa libertina em que os membros da aristocracia cedem às suas fantasias e caprichos eróticos. Nessa casa conhece Michael Stevens que é compelido a um sentimento de protecção para com a rapariga e se torna seu professor nas artes do quarto.

Com uma base destas não podemos esperar muito mais do livro. Espantou-me a personagem de Sarah não ser retratada como inocente, afectada, insolente ou mimada. Pelo contrário, é uma personagem de carácter forte (o que se confirma no final).

O livro praticamente todo consiste nas descrições das “aulas” que Michael dá a Sarah. Por isso compreendem quando digo que não é necessária grande atenção para conseguir seguir a história.

O final é o esperado, sem grandes surpresas, o que torna este livro uma leitura óptima para dias de praia, dias de férias, para quem não quer algo muito complicado ou simplesmente só quer conhecer mais alguma coisa da autora.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Margarita e o Mestre, de Mikhail Bulgakov - Opinião

Margarita e o Mestre, de Mikhail Bulgakov

Margarita e o Mestre publicado pela primeira vez na revista Moskva, mais de vinte anos após a morte do autor — a primeira parte em Novembro de 1966 e a segunda em Janeiro do ano seguinte. Mikhail Bulgákov trabalhara nesta sua obra durante mais de dez anos, tendo escrito diferentes versões. A última foi ditada à sua companheira Elena Bulgákova, quando o autor se encontrava já muito doente, em Março de 1940. O romance é composto por duas narrativas ligadas entre si — uma passa-se na Moscovo dos anos 30 e a outra na Jerusalém antiga. As personagens são estranhas, complexas, ambíguas e algumas delas sobrenaturais, como Woland. As principais são o Mestre e a sua amante, Margarita. Como afirma Samuel Thomas, «o romance pulsa de maliciosa energia e invenção. Por vezes uma dura sátira da vida soviética, uma alegoria religiosa da dimensão do Fausto, de Goethe, e uma indomável fantasia burlesca, é uma obra de riso e terror, de liberdade e servidão — um romance que explode as verdades oficiais com a força de um carnaval descontrolado». A primeira edição desta tradução foi publicada em 1991, estando há muito esgotada.

Margarita e o Mestre surge nas minhas mãos com uma colecção editada pelo jornal Público há quase 10 anos, a colecção Mil Folhas. Até então Bulgakov era um estranho para mim. Um estranho do qual nunca tinha ouvido falar…
Quando o li a primeira vez, nessa altura, ficou logo como um dos meus livros preferidos. Esta não é, portanto, a minha primeira impressão do livro. No entanto, na altura nada escrevi sobre o mesmo e com a crescente vontade de voltar ao seu mundo juntou-se o útil ao agradável.
Bulgakov transporta-nos para um mundo quase possível de equiparar a Murakami e o seu Kafka à Beira-Mar. Porquê? Pela história quase surreal à qual nos transporta.
Dois escritores russos encontram-se no Largo do Patriarca onde se entregam a uma discussão sobre a existência de Jesus Cristo. A eles junta-se um estrangeiro de nome Woland, que nenhum conhece, que garante a verdade da existência de Jesus. Como? Ele esteve lá quando Cristo foi crucificado.
A partir daqui sai uma discussão sobre o bem e o mal, sobre Deus e o Diabo, com a forte convicção dos dois escritores de que tais figuras não existem contrariada prontamente pelo estrangeiro.
Até aqui tudo normal, não fossem os acontecimentos seguintes. Com a morte de Berlioz, um dos escritores, em poucos minutos, Ivan, o outro escritor, crê que a culpa é do estrangeiro que a previra e dos seus “capangas” onde se inclui um grande gato preto que fala e anda nas patas traseiras. Começa uma perseguição de Ivan a Woland que acaba com o poeta num hospício onde conhece um paciente que se intitula Mestre.
Depressa descobrimos que Woland tinha razão ao assegurar a existência das duas entidades. Isto porque ele é o próprio Satã acabado de chegar a Moscovo para avaliar como são as pessoas e a cidade nesta data mais moderna. Woland não vai apenas mexer com a vida de Ivan. Ao instalar-se na antiga casa de Berlioz coloca a nu todos os podres de pessoas que o rodeavam.
Enquanto lemos a narrativa de Woland e Moscovo somos surpreendidos por capítulos que descrevem a crucificação de Jesus Cristo no tempo de Pôncio Pilatos. Quando “ouvimos” o Mestre contar a Ivan a sua história percebemos que esses capítulos mais não são que o manuscrito do Mestre e a causa da sua estadia no hospício. Com ele descobrimos ainda a sua história de amor com Margarita.
Podemos dividir o livro em duas partes. Uma primeira com a aparição de Woland, as mortes, os desaparecimentos, a loucura instalada em Moscovo com coisas surreais a acontecer em todo o lado. E uma segunda parte em que conhecemos a história do Mestre e de Margarita, que afinal dão o título ao livro, e o papel de Margarita na festa de Woland.
Sim, porque Woland, o Satã, dá todos os anos um baile na Terra. E todos os bailes precisam de uma rainha. Por isso em cada local, todos os anos, é escolhida uma “rainha” diferente para ser a anfitriã. Aqui temos uma referência à rainha Margot, sendo que todas as anfitriãs têm de possuir o nome de Margarita (consoante a tradução dada em cada país).
Margarita aceita participar no baile tendo e vista a sua reunião com o Mestre. E assim temos um segundo capítulo em que nos é descrito o baile, a versão de Margarita da sua relação com o Mestre, e, por fim, a saída de Woland de Moscovo.
Confusos?
Parece, mas no fundo não é. A história leva-nos da total descrença à gargalhada. Conseguimos perfeitamente distinguir as críticas sociais que Bulgakov tenta passar na história. É, sem dúvida, um retrato da Moscovo da altura. Um retrato confuso… mas não deixa de o ser. Coloca em causa as ideologias da altura, a proliferação de pseudo-escritores que nada trazem de novo, a cultura e as crenças de um povo.
A leitura é feita muito facilmente porque a escrita é fluída. E a história “apanha-nos” de forma tão rápida que é impossível deixá-lo. O contra é toda aquela parafernália de nomes russos que com diminutivos ainda fica mais complicado de perceber quem é quem. É perfeitamente normal ter de, por uma ou outra vez, voltar atrás para perceber a quem pertence aquela alcunha ou diminutivo.
Haveria muito mais a dizer sobre o livro e a sua história. Mas alongar-me faria contar passagens que seriam spoilers e estragar a surpresa de quem o lê. Garanto-vos no entanto que é um livro muito divertido e que vale sem dúvida a pena.

Deixo-vos apenas esta passagem. Por muitas vezes que o leia é sempre uma das minhas partes preferidas:

"Tendo perdido um dos perseguidos, Ivan concentrou a sua atenção no gato e viu aquele estranho animal aproximar-se do estribo do eléctrico A, que estava na paragem, empurrar insolentemente uma mulher (...) agarrar-se ao varão e até tentar meter na mão da condutora (...) uma moeda de dez copeques.
(...)

Nem a condutora, nem os passageiros pareciam surpreendidos com o essencial: não o facto de o gato subir para o eléctrico, o que seria apenas meia desgraça, mas o facto de ele querer pagar o bilhete."

domingo, 12 de janeiro de 2014

Refúgio, de Nora Roberts - Opinião

Refúgio, de Nora Roberts

Jo Ellen, fotógrafa de renome, pensava ter fugido à casa chamada Refúgio há muito tempo. Ali passara os seus anos mais tristes, depois do desaparecimento inesperado da mãe.
Contudo, a casa que encima as praias exóticas de uma ilha ao largo da Geórgia continua a assombrá-la. E agora, mais assustadoras ainda são as fotografias que alguém lhe começa a enviar: primeiros planos sinistros e puros, culminando no retracto mais chocante de todos, o da mãe… nua, bela e morta. Jo terá de regressar à ilha da sua infância e à família que procurou esquecer. Com a ajuda de um homem, descobrirá toda a verdade sobre o seu trágico passado. Mas o seu Refúgio pode revelar-se o local mais perigoso de todos…

De vez em quando sabe bem voltar a Nora Roberts. Uma leitura mais leve, que não nos obriga a pensar, que nos abstrai dos problemas que nos rodeiam e que, quase sempre, se torna agradável.
Desta vez a autora leva-nos a conhecer Jo Ellen, uma fotógrafa profissional que tenta superar o abandono da mãe no passado, que foge de casa para construir uma vida autónoma sem precisar da ajuda de ninguém. Mas depressa Jo percebe que, como dizia Hemingway, “nenhum homem é uma ilha”. Depressa percebe que o passado não pode ser simplesmente apagado e que é a companhia dos outros que nos permite superar os obstáculos e viver.
Quando começa a receber fotografias suas, demasiado pessoais, Jo percebe que algo está errado. Mas não imaginava que no meio delas surgiria uma foto da mãe. A mãe que os abandonara há 20 anos, sem nunca mais dar notícias, aparecia agora na foto nua e morta. O que seria real naquela foto que desaparece misteriosamente?
Tudo isto leva Jo a voltar às origens. E as suas origens estão em Desejo, uma ilha quase privada onde está a bela casa de família conhecida como Refúgio. 20 anos depois Refúgio é um hotel familiar dirigido pelas hábeis mãos da prima Kate, e dos irmãos de Jo, Brian e Lexy.
Mas o passado desembarca com ela na ilha e quer confrontá-los a todos com o que aconteceu há 20 anos…
A história está bastante bem construída, como é normal na autora. As descrições de Refúgio e da ilha são fantásticas. Apetece-nos ir lá passar umas férias. As personagens estão bem delineadas e são interessantes.
Como sempre, nos livros de Nora Roberts, há o romance. Neste caso três casais, os três irmãos, que enfrentam os seus medos de abandono. E depois há o policial. A ânsia de descobrir o assassino, o perseguidor de Jo. No entanto achei-o bastante fácil de identificar.
O ponto fraco? O fim. Demasiado rápido e sem a emoção que se esperava.

Um livro para quem gosta da autora, para quem quer um livro fácil de ler e que, apesar do tamanho, é bastante rápido.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Morgana, de Michel Rio - Opinião

Morgana, de Michel Rio

"Morgana é o caos, diz Artur a Merlim. Um caos onde toda a finalidade falece, onde o construtor meticuloso e obstinado, que recebeu por herança este cuidado imperioso da finalidade, se perde com deleite. Morgana é a obsessão dos sentidos que mata no pensamento a obsessão do projecto. É o presente absoluto que rói o frágil futuro. O se espírito é uma devastação que quereria odiar, adorando cada parcela da sua carne, o menor esboço do seu movimento que é como uma dança infinita de graça e de morte. E, contudo, vejo bem que a sua carne não é mais do que a matéria macia e singular do seu espírito, que os dois são uma uma e a mesma coisa e que a sedução deste invólucro a que nada na natureza pode comparar-se não é mais que o intérprete harmonioso duma sedução mil vezes mais poderosa, nascida do fausto calculado duma inteligência sublime e pervertida."

Morgana é o segundo livro de uma trilogia iniciada por Merlim (opinião aqui).
Michel Rio com esta trilogia mostra-nos a visão da mesma história aos olhos de cada personagem: Merlim, Morgana e Artur.
Esperava que Morgana fosse contada na primeira pessoa, um pouco como Merlim. Mas embora não o seja consegue transmitir-nos a sua visão de Merlim, Artur, Camelot, Avalon,..
Contado desde o casamento da mãe, Igerne, com Uter, o dia em que conhece Merlim e o reconhece como um pai espiritual, vemos a forma como cresce e aprende com Merlim a sabedoria e a lei das coisas.
Desde cedo Morgana se revolta com o mundo que a rodeia visto que não compreende um mundo perecível, um mundo onde o corpo humano descai para a morte, um mundo que será infindável e superior a ela e, até, a Merlim e as suas ideias.
Com Merlim ficámos a conhecer uma Morgana que envolve caos e dor, e que a tudo o custo tenta destruir Artur, Camelot e as ideias de Merlim.
Mas neste livro descobrimos uma Morgana que age com medo de um caos que fica depois da sua morte, que age pela sabedoria e pela prova das suas ideias. Uma Morgana que por muito que lute contra acaba por agir por amor… o sentimento que mais renega.
Morgana é-nos apresentada como uma beleza capaz de derreter qualquer coração, com uns olhos verdes que enche de desejo qualquer um que a veja. O que irá acontecer a Artur que inicia com a meia-irmã uma relação de incesto que trará o nascimento de Mordred.
Mas para nós, leitores, Morgana é uma inteligência rara. As suas discussões de filosofia, aos 12 anos, com Merlim enchem páginas do livro. Discute átomos, heliocentrismo, Aristóteles e corpos celestes.
E mesmo com todos os acontecimentos em volta, com todo o caos provocado, simplesmente pelo seu medo de amar, não conseguimos ter raiva da personagem. Apenas pena. Pena de alguém que só nos últimos dias de vida percebeu o que era o amor e que não devia ter lutado contra ele.
Um livro muito bom. Mesmo indo contra as ideias de Avalon que aprendemos com Marion Zimmer Bradley. Um ponto de vista que vale a pena ver. E embora seja de uma leitura mais difícil que Merlim, acaba por ser mais interessante e recompensados. Ou talvez seja eu que pense assim já que Morgana foi sempre a minha personagem preferida.
Chegaremos a Artur em breve para terminar esta trilogia de Michel Rio.
Termino com as últimas frases do livro que achei muito bonitas:

“A ilha fortaleza fechada, escrínio poderosos cingindo o mausoléu onde repousavam para sempre Artur e Morgana, lado a lado, enfim reunidos na paz após uma longa paixão de amor e de ódio, era ela mesma um túmulo colossal onde estavam enterrados Logres, a Távola Redonda e ele próprio, Merlim, mortos aqui e agora, por obra da história e das coisas, antes de renascer algures e para sempre, pela palavra e pela lenda.”


E assim renasceram…

domingo, 5 de janeiro de 2014

Claridade, de Alyson Noël - Opinião

Claridade, de Alyson Noël

Bem-vindos ao Aqui & Agora
Riley Bloom deixou a irmã, Ever, no mundo dos vivos e atravessou a ponte que conduz à vida depois da morte - um local chamado Aqui, onde o tempo é sempre Agora.
Acompanhada pelo seu cão, Botão de Ouro, Riley juntou-se aos seus pais e está prestes a instalar-se numa morte agradável e descontraída quando a chamam para comparecer perante o Conselho. Aí, revelam-lhe um segredo - a vida depois da morte não é só uma eternidade de boa vida e Riley tem de trabalhar. Confiam-lhe, nessa altura, uma tarefa, a de ser uma Apanhadora de Almas, e um professor, Bodhi, um rapaz estranho que ela não consegue compreender bem.

Este livro chegou-me às mãos graças ao Bookcrossing. Por estar de férias forçadas em casa acabo por ter mais tempo para ler e, como tal, este livro foi devorado em pouco mais de um dia.
O termo devorado não se aplica aqui pela qualidade do livro, convenhamos, mas simplesmente pelo facto de não haver muito mais para fazer.
Claridade é um livro simples. Um spin-off da Saga dos Imortais da mesma autora. Já tinha lido Eternidade (podem reler a opinião aqui), a história de Ever, onde a irmã Riley é mencionada umas quantas vezes. Agora vemos a versão de Riley, que não sobreviveu ao acidente.
Riley faleceu naquele acidente que vitimou ainda os pais e Botão de Ouro, a cadela. Mas ao contrário dos pais a jovem de 12 anos teve mais dificuldade em atravessar a ponte e manteve-se presa mais tempo na névoa que separa os dois mundos, atenta aos passos da irmã Ever.
Quando finalmente atravessa a ponte a personagem relata-nos como é o outro mundo e conta-nos o primeiro dia de escola, sim… também têm escola, onde repara no estranho brilho que alguns alunos emanam. E onde conhece Bodhi…
Depois de ser chamada ao conselho, onde a sua vida é analisada, Riley é encarregue de uma missão. Para encontrar o seu caminho será uma caçadora de almas e é-lhe confiada a primeira tarefa em Inglaterra, num velho castelo, onde terá de encontrar o famoso Rapaz Luminoso e convencê-lo a atravessar a ponte. Para isso contará com um guia/professor que, para sua surpresa, se revela Bodhi, o rapaz a quem tantas vezes chamou parvalhão.
O livro é bastante pequeno e fácil de ler. Não é uma obra prima, mas já a série Os Imortais não o é. É apenas umas páginas que entretêm umas horas sem pensar muito. A história, ou a premissa da história, até está interessante. Mas depois “esparrama-se” nas opiniões de uma miúda de 12 anos, numa visão infantil do mundo, e numa linguagem também algo infantil.
Como digo, é um livro interessante quando não temos mais nada para ler e queremos não pensar nos problemas durante algumas horas.

A surpresa? Pasmem… tem continuação…. Não sei bem como, mas tem. Aliás, as primeiras páginas da nova aventura de Riley aparecem logo no fim do livro numa tentativa de entusiasmar o leitor. Comigo não foi muito bem sucedido. Mas nunca se sabe.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

A Sombra do Vento, de Carlos Ruiz Zafón - Opinião

A Sombra do Vento, de Carlos Ruiz Zafón
Bis – Leya

Numa manhã de 1945, um rapaz é conduzido pelo pai a um lugar misterioso oculto no coração da cidade velha: o Cemitério dos Livros Esquecidos. Aí, Daniel Sempere encontra um livro maldito, que muda o rumo da sua vida e o arrasta para um labirinto de intrigas e segredos enterrados na alma obscura de Barcelona.
Juntando as técnicas do relato de intriga e suspense, o romance histórico e a comédia de costumes, A Sombra do Vento é sobretudo uma história trágica de amor, cujo eco se projecta através do tempo. Com uma grande força narrativa, o autor entrelaça tramas e enigmas ao modo de bonecas russas num inesquecível relato sobre os segredos do coração e o feitiço dos livros, numa intriga que se mantém até à última página.
A Sombra do Vento é um mistério literário passado na Barcelona da primeira metade do século XX, desde os últimos esplendores do Modernismo até às trevas do pós-guerra. Um inesquecível relato sobre os segredos do coração e o feitiço dos livros num crescendo de suspense, que se mantém até à última página.

Este livro foi uma prenda de aniversário da minha irmã (podem encontra-la no Berço do Mundo). Mas com uma pilha de livros para ler, mais trabalho, mais actividades extra-curriculares, estava difícil de arranjar tempo para ele. Mesmo com ela sempre a reiterar que o livro era muito bom e que estava ansiosa para saber o que eu acharia dele.
A Sombra do Vento foi o último livro de 2013. Acabado de ler no dia 30 de Dezembro acabou o ano em beleza. O que pedir mais do que um livro que fechasse o ano com chave de ouro?
O livro foi mais que uma boa surpresa. Foi uma descoberta apaixonante. Um fio que nos envolve em cada palavra, em cada capítulo, em cada personagem que conhecemos. Um fio que nunca mais nos larga. Nem mesmo quando chegamos ao fim.
Começamos a narrativa a conhecer Daniel, uma criança ainda, que é levada pelo pai a um lugar fascinante que, de certeza, todos gostaríamos de conhecer: o Cemitério dos Livros Esquecidos. Aí Daniel escolhe um livro (ou é escolhido por ele) que o vai transportar numa aventura fantástica por Barcelona, pela literatura, pela sua própria vida e condição humana.
Confesso que o autor me fez lembrar muito o meu autor preferido, Jostein Gaarder. Embora com uma escrita diferente, com palavras e histórias diferentes, fez-me lembrar O Mundo de Sofia. A forma como Daniel lia o livro de Carax, e ao mesmo tempo iam surgindo as histórias das personagens que o acompanhavam, a vida delas. Como um livro dentro de outro, dentro de outro e dentro de outro. Tal como Gaarder quando nos apresenta Sofia, personagem que Hilde lê, que por sua vez é uma personagem que nós lemos. Confusos? Pensem nas famosas bonecas russas, as Matrioshkas. Dentro de cada uma encontramos uma nova personagem, uma nova história.
As personagens são tão ricas que é difícil escolher uma. São todas tão fascinantes, com histórias de vida tão ricas que é difícil dizer que apenas uma ou outra é a principal.
E o cenário? Uma Barcelona em guerra e pós guerra. Retratos de quem sofreu a tortura e a perseguição, de quem perdeu familiares ou os viu entrar para a prisão sem nunca mais ter notícias deles.
O que posso dizer mais? Que recomendo a leitura a toda a gente, que é um livro 5 estrelas que vale a pena ler. A linguagem é acessível e a narrativa fluída.

É sem dúvida um autor a manter debaixo de olho e um livro para ir relendo de quando em quando.