segunda-feira, 26 de agosto de 2019

O Nascimento de Vénus, de Sarah Dunant - Opinião


O Nascimento de Vénus, de Sarah Dunant

Edições Asa



Alessandra Cecchi tem quase quinze anos quando o pai, um próspero mercador de tecidos, contrata um jovem pintor para pintar um fresco na capela do palazzo da família. Alessandra é uma filha da Renascença, tem uma mente precoce e um temperamento artístico… e rapidamente fica inebriada pelo génio do pintor. 
Muitos anos depois, a irmã Lucrezia morre no convento onde passou grande parte da sua vida. Perplexas, as outras freiras observam a estranha serpente tatuada no seu corpo. É que, antes de entrar para o convento, a irmã Lucrezia era Alessandra. Jovem, bela e inteligente, ela viveu o esplendor e luxo da Florença renascentista, conviveu com os ricos e poderosos, criou, amou, transgrediu... Como foi ela parar àquele convento? O que significa a tatuagem na sua pele? Quais foram afinal as causas da sua morte? Romance de amor, mistério e arte, O Nascimento de Vénus dá-nos a conhecer um irreverente elenco de mulheres inesquecíveis, que nos abrem as portas da Florença renascentista, um dos mais formidáveis centros de cultura e arte da história da humanidade.


Já tinha este livrinho aqui em casa há algum tempo e ainda não lhe tinha pegado. Erro crasso.
Este livro arrebatou-me desde o início. A personagem principal, Alessandra, é muito interessante. O seu feitio peculiar, diferente das raparigas da época, conquista. E o seu amor à arte, aos livros e ensinamentos pagãos, ao pensamento em si, transporta-nos para aquela Florença do século XV.
A história é contada na primeira pessoa. É de Alessandra que ouvimos os passos dos que a rodeiam, as suas acções, as suas conquistas e as suas decepções. As invasões de Florença pela França. A queda dos Médicis e a ascensão do medo religioso e da perseguição quase inquisidora. Tudo isto Alessandra nos mostra através dos seus olhos, dos seus ouvidos, dos seus passos e das suas escolhas.
E honestamente, à medida que vamos lendo sentimos que tudo irá rodar à volta do estranho pintor que o pai de Alessandra trouxe para casa.
A escritora consegue transportar-nos para o local. Consegue descrever cheiros e cores que ficam gravados na nossa memória, como se nós próprios os tivéssemos visto e cheirado. É como se, durante o tempo que lemos o livro, estivéssemos ali a viver com as personagens no meio de Florença, a sentir a vibração da cidade.
E quando pensamos que temos a linha da história percebida eis que, como aranha a tecer a sua teia, somos desviados para um rumo ligeiramente diferente. Fazendo com que a história ganhe um novo fôlego e agarrando-nos mais ainda às páginas do livro.
Foi uma boa surpresa. De tal maneira que, confesso, está-me a ser difícil desprender da história do livro e sentir-me livre para começar outro. Achava que ia ser somente mais um entretêm de verão mas foi bem mais que isso. Agora só lamento o tempo que demorei a pegar nele.
Vou ficar atenta a mais livros da autora, sem dúvida.

Recomendo a 100%.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

A Biblioteca dos Livros Proibidos, de Tom Pugh - Opinião

A Biblioteca dos Livros Proibidos, de Tom Pugh

 Janeiro de 1562. A Europa é o epicentro de uma verdadeira luta entre a luz e as trevas. Em Moscovo, Matthew Longstaff tenta cumprir a missão que lhe foi confiada: roubar um livro da biblioteca privada de Ivan, o Terrível. Longstaff trabalha para os Otiosi, um grupo clandestino de livres-pensadores determinado a manter acesa a chama do livre-pensamento que começa a expandir-se por toda a Europa. Também a trabalhar para os Otiosi encontra-se o médico e aventureiro Gaetan Durant, encarregado de obter um palimpsesto raro. Numa Itália mergulhada na Contrarreforma os inquisidores do papa mostram-se determinados a destruir qualquer foco de conhecimento livre. O seu líder, Gregorio Spina, chefe censor e espião do papa, captura o líder dos Otiosi em Florença e tortura-o em busca de informações. Os segredos da Biblioteca do Diabo podem estar ao alcance de Spina, e os primeiros passos dados pela humanidade em direção ao Iluminismo correm o risco de serem apagados da História. 

 Este livro foi prenda de anos. Como sempre a minha irmã adivinhou os livros que andava de olho. O título trazia-me memórias de Carlos Zafon. Assim que chegou a sua vez comecei a lê-lo avidamente. No entanto a leitura revelou-se complexa… No início do livro são-nos apresentadas três personagens com algo em comum. Longstaff, Schoff e Durant. Cada um com as suas motivações busca livros para os Otiosi, numa altura em que pensar livremente é um crime punido pela Santa Igreja. A proposta parece bastante interessante. Mas… Infelizmente o livro revelou-se muito monótono ao início. Muito descritivo. Pouca acção e pouco desenvolvimento. Apenas quando aparece a personagem da Aurélie começa a ganhar algum ritmo e o final é verdadeiramente fascinante. Aliás, se todo o livro fosse como o final então certamente seria um livro a devorar. A história é interessante. Até pela era em que se passa, o conhecimento que traz mas perde-se em algumas intrigas que poderiam ter sido menos exploradas dando mais abertura aos personagens. Fica um livro interessante de ler mas pouco mais que isso.