O Nascimento de Vénus, de Sarah Dunant
Edições Asa
Alessandra Cecchi tem quase quinze anos quando
o pai, um próspero mercador de tecidos, contrata um jovem pintor para pintar um
fresco na capela do palazzo da família. Alessandra é uma filha da Renascença,
tem uma mente precoce e um temperamento artístico… e rapidamente fica inebriada
pelo génio do pintor.
Muitos anos depois, a irmã Lucrezia morre no convento onde
passou grande parte da sua vida. Perplexas, as outras freiras observam a
estranha serpente tatuada no seu corpo. É que, antes de entrar para o convento, a irmã Lucrezia era
Alessandra. Jovem, bela e inteligente, ela viveu o esplendor e luxo da Florença
renascentista, conviveu com os ricos e poderosos, criou, amou, transgrediu...
Como foi ela parar àquele convento? O que significa a tatuagem na sua pele?
Quais foram afinal as causas da sua morte? Romance de amor, mistério e arte, O Nascimento de Vénus dá-nos a
conhecer um irreverente elenco de mulheres inesquecíveis, que nos abrem as
portas da Florença renascentista, um dos mais formidáveis centros de cultura e
arte da história da humanidade.
Já
tinha este livrinho aqui em casa há algum tempo e ainda não lhe tinha pegado.
Erro crasso.
Este
livro arrebatou-me desde o início. A personagem principal, Alessandra, é muito
interessante. O seu feitio peculiar, diferente das raparigas da época, conquista.
E o seu amor à arte, aos livros e ensinamentos pagãos, ao pensamento em si,
transporta-nos para aquela Florença do século XV.
A
história é contada na primeira pessoa. É de Alessandra que ouvimos os passos
dos que a rodeiam, as suas acções, as suas conquistas e as suas decepções. As
invasões de Florença pela França. A queda dos Médicis e a ascensão do medo
religioso e da perseguição quase inquisidora. Tudo isto Alessandra nos mostra
através dos seus olhos, dos seus ouvidos, dos seus passos e das suas escolhas.
E
honestamente, à medida que vamos lendo sentimos que tudo irá rodar à volta do
estranho pintor que o pai de Alessandra trouxe para casa.
A escritora consegue
transportar-nos para o local. Consegue descrever cheiros e cores que ficam
gravados na nossa memória, como se nós próprios os tivéssemos visto e cheirado.
É como se, durante o tempo que lemos o livro, estivéssemos ali a viver com as
personagens no meio de Florença, a sentir a vibração da cidade.
E quando pensamos que temos a linha
da história percebida eis que, como aranha a tecer a sua teia, somos desviados
para um rumo ligeiramente diferente. Fazendo com que a história ganhe um novo
fôlego e agarrando-nos mais ainda às páginas do livro.
Foi uma boa surpresa. De tal
maneira que, confesso, está-me a ser difícil desprender da história do livro e
sentir-me livre para começar outro. Achava que ia ser somente mais um entretêm
de verão mas foi bem mais que isso. Agora só lamento o tempo que demorei a
pegar nele.
Vou ficar atenta a mais livros da
autora, sem dúvida.
Recomendo a 100%.