Os
Jogos da Fome, de Suzanne Collins
Os
Jogos da Fome - Livro I
Num
futuro pós-apocalíptico, surge das cinzas do que foi a América do Norte Panem,
uma nova nação governada por um regime totalitário que a partir da megalópole,
Capitol, governa os doze Distritos com mão de ferro. Todos os Distritos estão
obrigados a enviar anualmente dois adolescentes para participar nos Jogos da
Fome - um espectáculo sangrento de combates mortais cujo lema é «matar ou
morrer». No final, apenas um destes jovens escapará com vida… Katniss Everdeen
é uma adolescente de dezasseis anos que se oferece para substituir a irmã mais
nova nos Jogos, um acto de extrema coragem… Conseguirá Katniss conservar a sua
vida e a sua humanidade? Um enredo surpreendente e personagens inesquecíveis
elevam este romance de estreia da trilogia Os Jogos da Fome às mais altas
esferas da ficção científica.
Quando a colecção Os Jogos da Fome saiu no mercado
português deixou-me bastante de pé atrás. Na mesma altura éramos bombardeados
com novas edições de vampiros, zombies, e toda uma panóplia de romances
sobrenaturais que achei, sinceramente, que Os
Jogos da Fome era mais do mesmo.
Foi por isso natural que deixasse
assentar a poeira do entusiasmo, enaltecida ainda mais pela versão
cinematográfica, para que finalmente me pudesse dedicar ao livro.
O resultado? Todas as minhas ideias
pré-feitas foram por água abaixo.
Os
Jogos da Fome é um livro muito
interessante, seja pela história, pelas personagens ou pelas ideias
transmitidas.
Vejamos…
A autora apresenta-nos uma futura América
do Norte pós apocalíptica. Após guerras e massacres surge uma nova nação
governada pelo Capitólio. A nação é dividida em 12 distritos e cada distrito é
único, seja pelas suas características, seja pelo trabalho a que se dedica. Os
distritos não interagem entre eles criando uma ideia de isolamento que, ao
mesmo tempo, impede a ideia de revolta. Muita coisa é proibida e os castigos
cruéis. A lei é implementada a braço de ferro e através do terror. Terror esse
que alcança o expoente máximo com os Jogos da Fome, um combate anual onde 24
adolescentes terão de matar para sobreviver.
Katniss vive com a mãe e a irmã num
desses distritos. O seu distrito dedica-se ao trabalho nas minas, local onde
perdeu o pai. Katniss sabe que para sobreviverem tem de contornar algumas
regras, como por exemplo entrar no bosque para caçar e vender a carne no
mercado negro. Quando a irmã mais nova de Katniss é escolhida como
representante do distrito para os jogos desse ano, Katniss tem de se valer das
suas armas e da sua experiência de caça para substituir a irmã (oferecendo-se
como voluntária) e tentar voltar a casa viva.
Todo o livro se centra em volta dos
jogos. Da maneira como são feitos, da maneira como são transmitidos para todos
os 12 distritos (os habitantes são obrigados a ver as transmissões
televisivas). Acima de tudo o livro conta a maneira como os mais poderosos e
com dinheiro conseguem-se valer do seu dinheiro e com ele usar vidas humanas
que se digladiam numa arena.
E isso é o mais importante. Não é o
possível romance ou a maneira inteligente como Katniss vai conseguindo
sobreviver nos jogos. O mais importante que é transmitido ao leitor é a ideia
de uma nação poderosa que faz dos seus habitantes meros peões num jogo de
xadrez. Várias vezes ao longo do livro, através das conversas de Katniss e
Peeta, vemos o ponto de vista das personagens. Peeta refere o não se importar
de morrer mas o querer fazer a diferença. Fazer ver aos poderosos que não é um
mero peão. Sim, podem ficar com a sua vida, e vangloriar-se disso, mas ele
tentará mostrar a quem o vê na televisão que podem ser mais que isso, mais que
peões.
Acima de tudo Os Jogos da Fome conseguem ser uma lição. Fez-me lembrar muito 1984, de George Orwell e o seu Big
Brother. A constante pressão para aceitar as ideias do poder, a perseguição de
quem não o faz. Penso, sem dúvida, que após esta trilogia o livro 1984 pode ser muito melhor percebido
para estes novos leitores que apenas olhavam para ele como uma leitura massiva
e chata.
Os
Jogos da Fome não é um livro sobre
romances sobrenaturais. É um livro sobre luta pela vida e pelos ideais, pela
mudança sem conformismos. De uma maneira simples mas bastante eficaz para
chegar aos mais novos.
Se recomendo? Sem dúvida!
Com uma crítica tão entusiástica, tenho que o ler. Também desconfio dos best-sellers (por isso ainda não li Sombras de Grey e afins), normalmente quando os livros são muito populares, é sinal que não lhes acharei grande piada.
ResponderEliminarMas não há pré-conceitos, literários e outros, que não sejam abalados até aos seus alicerces. E isso é bom. É sinal que estamos vivos.
Beijinho
Gostei mesmo muito. Nota-se? ;)
EliminarEvitei a confusão de o ler na altura. E quando saiu o filme dizia a uma colega que não percebia a algazarra em volta dele. Na altura ela disse-me que só quando o lesse iria perceber. E é verdade. Abala bastante as ideias pré-concebidas. E dentro do género que prolifera neste momento é realmente muito bom já que tem um condão fundamental nos livros: faz-nos pensar.
Um beijo enorme
Olá Confesso que há já algum tempo que me sinto tentado em Ler esta saga. Há dias apanhei o primeiro volume por um preço excepcional num hipermercado, mas mesmo assim consegui resistir-lhe. Tenho lido algumas opiniões sobre estes livros e quase todas são unânimes. Valem a pena serem lidos.
ResponderEliminarVou ver o 1º filme, que julgo que vai na televisão agora no ano novo. Veremos se sou capaz de me render.
Boas Leituras e um excelente ano de 2014.
Olá!
EliminarAntes de mais obrigada pela visita.
Também andei a resistir durante bastante tempo à saga. Ainda não vi o filme já que nestas sagas e histórias do género acabo por tentar ler sempre antes de ver o filme. Ver se o faço agora.
É sem dúvida uma saga a seguir.
Boas leituras!