Lago Perdido, de Sarah
Addison Allen
A primeira vez que Eby Pim viu Lago Perdido foi num postal. Apenas uma
fotografia antiga e algumas palavras num pequeno quadrado de papel pesado, mas
quando o viu soube que estava a olhar para o seu futuro.
Isso foi há metade de uma vida. Agora Lago Perdido está prestes a
deslizar para o passado de Eby. O seu marido George faleceu há muito tempo. A
maior parte da sua exigente família desapareceu. Tudo o que resta é uma velha
estância de cabanas outrora encantadoras à beira do lago a sucumbirem ao calor
e à humidade do Sul da Georgia, e um grupo de inadaptados fiéis atraídos para
Lago Perdido ano após ano pelos seus próprios sonhos e desejos.
É bastante, mas não o suficiente para impedir Eby de abrir mão de Lago
Perdido e vendê-lo a um empreiteiro. Este é por isso o seu último verão no
lago… até que uma última oportunidade de reencontrar a família lhe bate à porta.
Sarah Addison Allen é
uma das minhas autoras de eleição. Considero que os livros dela são doces.
Aquela doçura que nos faz lembrar a infância, os amores, a magia… Lago Perdido foi-me oferecido nos meus
anos pela minha irmã (de alma) que podem visitar aqui.
Lago
Perdido soube-me a pouco. Para os livros anteriores de
Sarah, Lago Perdido sabe a pouco. Não
desilude, isso não. Mas sabe…. A um verão que terminou abruptamente, que não
teve a magia a que fomos habituados.
A autora apresenta-nos
Eby e George na sua lua-de-mel em Paris. Eby vem de uma longa linhagem de
mulheres Morris que acham que a felicidade está nos maridos ricos e no
dinheiro. E apesar de Eby conquistar um marido rico ela é uma pedra solta nessa
linhagem. Durante o livro somos transportados por memórias de Eby. A lua-de-mel,
a decisão de comprar o Lago Perdido, o voltar para casa.
O presente abre a sua
história com Kate, sobrinha-neta de Eby, recentemente viúva e com uma filha a
cargo. Devido ao desespero deixa-se controlar pela sogra durante um ano
fazendo-lhe as vontades e deixando-a tomar conta da sua vida, e da sua filha.
Mas um dia Kate acorda do seu “sonho”. E percebe que Devin, a filha, já não é a
criança alegre que era. E que isso se deve ao controle da sogra.
A descoberta de um
postal antigo de Eby leva-as a viajar até ao Lago Perdido em busca de algo, de
um passado, de um presente, de um futuro… ou delas mesmas.
O lago perdido é uma
estância de férias que nos seus tempos áureos vivia recheada de turistas. Agora
Eby vê-se na impossibilidade de conseguir manter o lugar. Viúva, sem dinheiro
suficiente e com pouco que a prenda ali, considera por fim vender o local. Ao
saber disto duas personagens surgem na tentativa de viver o último verão naquela
estância.
E são as personagens
deste livro que o tornam tão rico. Selma e os seus 8 feitiços que conquistam
homens. A mulher fatal condenada, por sua própria escolha, a roubar os maridos
das outras. Bulahdeen, a velha professora de literatura que não volta a ler os
livros que leu porque os finais mudam. Jack, o dentista que não consegue
interagir com pessoas e prefere o silêncio. Wes… o companheiro de aventuras de
Kate naquele verão há muitos anos que passou no Lago Perdido.
Lisette… confesso que
Lisette é a minha personagem preferida. A muda rapariga francesa a quem Eby
salva a vida e que passa a vida “agarrada” a um passado e a uma cadeira.
As personagens são
ricas. São fáceis de se gostar delas. O que já é normal na autora. A história
tem a magia a que estamos acostumados. Como o postal que aparece como por
magia, o aligator que parece indicar o caminho e que só Devin vê, a cadeira de
Lisette…
Penso que o ponto
fulcral da história, para mim, é a ideia que os fins podem ser mudados. Que nenhuma
história é linear, igual. Que o fim pode ser trabalhado, pode mudar, consoante
o caminho que se escolha.
E é isso que as várias
personagens têm de fazer: escolhas. Escolhas que mudem o seu final, que mudem o
seu caminho… que mudem a sua vida para aquilo que realmente querem.
Não é um dos melhores
da autora. Mas não desilude. Lê-se bem e encanta. Mantêm-nos presos à sua magia
e à sua história. Para mim o único defeito é ter um fim demasiado abrupto,
demasiado rápido e com poucas explicações.
Um bom livro para as
férias da páscoa… para aqueles que as têm…
Olha quem voltou à vida... que bom que gostaste do livro. Escolhas, não é?
ResponderEliminarBeijinhos
Escolhas e não só. Gostei muito da dedicatória que me deixaste. E adoro a teoria da Bulahdeen em como os finais podem mudar. Talvez essa seja a ideia principal: escolher mudar o final ;)
EliminarBeijo enorme