Maldito
Karma, de David Safier
Este
romance conta-nos as provações e atribulações de Kim Karlsen, uma personalidade
de televisão cuja carreira obsessiva lhe traz graves repercussões cósmicas. Kim
trai o marido, esquece a filha e maltrata colegas. Tudo parece valer a pena
quando ganha o mais prestigiado prémio da televisão alemã, mas nessa mesma
noite ela é esmagada por destroços de uma estação espacial russa...
«O
dia da minha morte não teve graça nenhuma. E não foi só porque morri. Para ser
mais exacta, isso ficou mais ou menos em sexto lugar no ranking dos piores
momentos do dia. No quinto lugar, ficou o instante em que Lilly olhou para mim
com olhos sonhadores e me perguntou:
–
Mamã, por que não ficas em casa? Hoje é o dia dos meus anos! Ao ouvir isto,
veio-me à cabeça a seguinte resposta: «Se há cinco anos eu soubesse que o teu
aniversário havia de coincidir um dia com a entrega dos Prémios TV, tinha
tentado que nascesses antes. E de cesariana!»
Mas
limitei-me a responder-lhe em voz baixa:
–
Oh, querida, tenho tanta pena.»
Já tinha comigo este livro há algum
tempo. Pelo menos desde que saiu para as livrarias portuguesas, em 2011. Foi
ganho num passatempo e tinha bastante curiosidade em lê-lo.
Este ano, com a edição do novo
livro do autor, voltei a reler óptimas críticas e opiniões sobre o livro.
Foram elas que me fizeram pegar de
vez nele e apreciar a viagem à volta da vida de Kim.
O livro traz uma espécie de lição
de moral inerente. Para demonstrar que aqueles que levam uma vida em função dos
seus objectivos, sem olhar a meios para conquistar os seus fins, podem sofrer
quando menos o esperam.
Kim é uma dessas pessoas. Mulher
extramente ambiciosa relega para segundo plano (e terceiro e quarto) a sua vida
familiar. Não demonstra remorsos por deixar a sua filha, de cinco anos, sozinha
no dia do seu aniversário. Nem pelo facto de mesmo assim o seu principal
pensamento ser pensar no seu rival, nos prémios, deitado na sua cama.
É por isso que quando, atingida
pelo urinol da estação espacial russa, morre e acorda como formiga não acredita
à primeira. E lhe custa habituar-se à ideia de que a sua função a partir dessa
altura seja trabalhar várias horas seguidas a transportar comida para o
formigueiro.
Mas lá conhece uma formiga como
ela. Giacomo Casanova, o famoso sedutor. É ele que lhe vai explicar que a
acumulação de boas acções lhes valerá a reencarnação em diferentes animais,
subindo a escada do karma e, assim, poder voltar a ser humano.
A ideia da história é engraçada.
Pelo menos promete ser. E por isso fiquei desapontada por não conseguir ver no
livro a graça que os outros viam. Talvez fosse da altura em que lhe peguei,
talvez do humor pessoal…
É interessante ver a forma como as
personagens mudam ao longo da história. Ver Kim mudar a sua personalidade e
tornar-se mais “humana” enquanto tenta acumular boas acções.
No entanto, isso não foi suficiente
para mim.
Recomendo a quem queira desanuviar
um pouco de leituras mais pesadas.
Estou a ver que não foi um dos livros da tua vida. Mas, concordo, a ideia é gira. Vê lá se mo emprestas. Muahhh
ResponderEliminarNão é decididamente um dos livros da minha vida. Quando o quiseres é só apitares que to mando no correio.
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