quinta-feira, 27 de junho de 2013

O Quarto Mágico, Sarah Addison Allen - Opinião

O Quarto Mágico, de Sarah Addison Allen

Josey Cirrini tem a certeza de apenas três coisas na vida: O Inverno é a sua estação preferida; está perdidamente apaixonada; e um doce sabe muito melhor quando degustado na privacidade do seu esconderijo secreto. Enfrentando uma vida triste, o seu único consolo é a sua pilha de doces e romances a que se entrega todas as noites… Até que descobre que no roupeiro se esconde nada mais nada menos que Della Lee Baker. Fugindo a uma vida de má sorte, Della Lee decide ajudar Josey a mudar de vida. E, em breve, a jovem renunciará às guloseimas e descobrirá que, mesmo sem elas, a vida pode ser doce.
Influenciada põe Della Lee, Josey trava amizade com Chloe Finley, uma jovem que é perseguida por livros que surgem inexplicavelmente nos mais variados lugares e com uma resposta para quase tudo.
À medida que Josey se atreve a sair da sua casca, descobre um mundo onde a cor vermelha tem um poder surpreendente e o amor pode surgir em qualquer altura. E isso é só o início…
Terna e com um toque de magia, esta é uma história encantadora sobre a amizade e o amor - e sobre as surpreendentes e mágicas possibilidades que cada novo dia nos reserva.

Ainda não encontrei um livro desta autora que me decepcionasse, que não me encantasse, que não me deixasse a pensar no seu conteúdo mesmo depois de acabar a leitura.
O Quarto Mágico é um livro extremamente doce sobre a amizade, o amor, os segredos, e a magia. Um livro que se entranha nas nossas veias e nos impede de o parar de ler. Queremos saber mais, sempre mais.
Aqui a autora apresenta-nos Josey, uma rapariga riquíssima que tem o fado de tratar da mãe. Vive numa casa oponente, cheia de luxo. No entanto esta funciona como uma gaiola. Josey não pode sair de casa a não ser quando acompanha a mãe aos eventos e compromissos marcados. Presa na sua própria casa, e vida, Josey refugia-se no seu roupeiro secreto cheio de doces e livros, onde através deles consegue ganhar asas e pairar sobre toda esta vida.
Um dia, ao abrir o roupeiro Josey encontra lá escondida Della Lee. Della Lee fugiu da sua própria vida. Uma vida amargurada e de má sorte. E escolheu o roupeiro de Josey como passagem. Aos poucos vão descobrindo mais uma da outra. E Della Lee ajuda Josey a despontar as suas asas e a deixar-se levar e arriscar os seus sonhos.
Chloe é a terceira personagem apresentada. Uma rapariga forte com um estranho segredo. Chloe adora ler. E nunca precisou de comprar um livro na sua vida. Simplesmente porque eles aparecem sempre que ela precisa. Precisa de saber gerir o dinheiro? Não há problema. Aparece um livro sobre o assunto.
Os livros que Chloe encontra agora falam de perdão, de novos rumos para um amor antigo. Mas estará Chloe disposta a ler estes livros? A deixar-se influenciar por eles?
Estas três personagens vão criar um círculo de amizade que lutará pelos sonhos de todas. Josey poderá encontrar o amor, Chloe o perdão e Della Lee a paz.
Um livro fantástico, cheio de doçura. Tão doce que os capítulos são nomeados com nomes como Smarties, Kit Kat, ou Marshmallow.
O final torna-se um pouco inesperado. A libertação pode trazer lágrimas. Sejam de alegria ou despedida. Os segredos são desvendados e a amizade esparrama-se pelas páginas doces.

Recomendo a leitura do livro para quem quiser um belo entardecer, uma doce tarde na praia, ou um refúgio no quarto.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Papisa Joana, de Lawrence Durrel - Opinião



Papisa Joana, de Lawrence Durrel

Esta é a marcante e insólita história de uma jovem mulher que viaja por toda a Europa do século IX disfarçada de monge e que acaba a comandar os destinos da cristandade durante dois anos como Papa João VIII, antes de morrer de forma repentina e surpreendente. Quando Papisa Joana foi publicado pela primeira vez em Atenas, em 1886, criou enorme polémica: o livro foi proibido e o autor excomungado. Apesar disso, e também por isso, a obra e o autor ficaram famosos, e Papisa Joana tornou-se um marco na história da literatura grega moderna. Posteriormente, Durrell, um dos mais importantes escritores britânicos do século XX, traduziu e adaptou o texto, criando uma obra de arte com cunho próprio.

Sou uma apaixonada pela história da Papisa Joana, da rapariga que conseguiu ser Papa em Roma e que séculos depois foi apagada da história.
As histórias sobre esta personagem são bastantes e pululam por todo o lado: livros, pequenos contos, fantasias, etc… Nunca se conseguindo chegar à veracidade da história, dos factos, e à existência de tal pessoa.
Graças ao Bookcrossing tive acesso a mais um livro sobre Joana. Não declinei a oferta da leitura e recebi-o em mãos com muita curiosidade.
No entanto, ao invés de um livro que se divide entre o ficcional e o histórico (como por exemplo é o caso do livro A Papisa Joana, de Donna Woolfolk Cross), este é um livro totalmente fantasioso, o que me retraiu na leitura.
Ao longo destas páginas é-nos descrito o crescimento de Joana, as suas viagens pela Europa, a sua aprendizagem, o seu amor por Frumêncio, a sua chegada a Roma e a sua ascensão a Papa, bem como a sua morte pública. No entanto, estes acontecimentos são emparelhados com descrições de milagres que o autor considera muito realistas, como chuva de sangue, pragas de gafanhotos, virgens que aparecem para castigar frades, santos que surgem para arrancar corações aos enamorados, e toda uma parafernália de acontecimentos milagrosos que tiraram qualquer sentido à história e a transformam num quase simples conto de fadas.
O livro torna-se como uma balança que não sabe se há-de pender mais para o prato da narração ou para o prato da descrição de tão interessantes milagres e histórias. E devido a esse dilema da balança a leitura torna-se demorada, pouco entusiasmante, levando-nos a querer saltar estas partes para que possamos enfim concluir a história de tão ilustre personagem.
Não é um livro que recomende a quem não se interessa pelo tema. Pois só alguém realmente interessado por este cisma religioso conseguirá sobreviver a tanto milagre. E mesmo assim… talvez não.