quarta-feira, 29 de agosto de 2012

As Cinquenta Sombras de Grey - Opinião


As Cinquenta Sombras de Grey, de E. L. James

“De um dia para o outro, As Cinquenta Sombras de Grey tornou-se sensação entre o círculo das mães jovens e atraentes e chegou ao top dos bestsellers do New York Times. Este romance erótico pôs as gravatas cinzentas no primeiro lugar da lista de compras de muitas esposas, na esperança de que os respectivos maridos viessem a imitar a personalidade obsessiva, imperiosa e intimidante de Grey, com muitas a admitirem que o livro lhes despertou um desejo intenso por sexo com os companheiros.”
The Daily Mail


Anastasia Steele é uma estudante de literatura jovem e inexperiente. Christian Grey é o temido e carismático presidente de uma poderosa corporação internacional. O destino levará Anastasia a entrevistá-lo. No ambiente sofisticado e luxuoso de um arranha-céus, ela descobre-se estranhamente atraída por aquele homem enigmático, cuja beleza corta a respiração. Voltarão a encontrar-se dias mais tarde, por acaso ou talvez não. O implacável homem de negócios revela-se incapaz de resistir ao discreto charme da estudante. Ele quer desesperadamente possuí-la. Mas apenas se ela aceitar os bizarros termos que ele propõe... Anastasia hesita. Todo aquele poder a assusta - os aviões privados, os carros topo de gama, os guarda-costas... Mas teme ainda mais as peculiares inclinações de Grey, as suas exigências, a obsessão pelo controlo… E uma voracidade sexual que parece não conhecer quaisquer limites. Dividida entre os negros segredos que ele esconde e o seu próprio e irreprimível desejo, Anastasia vacila. Estará pronta para ceder? Para entrar finalmente no Quarto Vermelho da Dor? As Cinquenta Sombras de Grey é o primeiro volume da trilogia de E. L. James que é já o maior fenómeno literário do ano em todos os países onde foi publicado.

Quando ouvi falar deste livro já estava na moda. Já toda a gente falava nele. Mas, não sei bem porquê ou como, ele tinha-me passado completamente ao lado.
Contudo, tanto alarido à volta do livro fez-me procurar informação. Encontrei inúmeras críticas positivas e inúmeras negativas. Apenas serviram para aguçar a minha curiosidade.
Confesso, sou curiosa! A curiosidade é, talvez, um dos meus piores defeitos. E, em certos casos, sou incapaz de lhe resistir. Este livro foi um caso desses…
Depois de ler tanto sobre As Cinquenta Sombras de Grey achei melhor tirar as minhas próprias conclusões. Convenhamos, o livro é um best seller graças à máquina da propaganda. Falem bem ou mal, mas falem!
Os primeiros capítulos conquistaram-me. Acho que é fácil afeiçoar-nos a Anastasia, à sua ligeireza, timidez e descoordenação motora. E Christian Grey também encanta na sua posição de líder e dono do poder, e pelo mistério que o envolve. Mas aos poucos fui-me perdendo na história. O que inicialmente me atraiu para uma leitura desenfreada começou, aos poucos, a perder-se no meio de tanto sexo.
O sexo não choca. Não a quem esteja habituado a livros de Nora Roberts ou Madeline Hunter. É bastante descritivo e tirando a linguagem é, até, apelativo. Podemos excetuar as descrições mais sado. Interessantes, para quem goste…
No entanto a cerca de 30 páginas do fim a autora soube-me “agarrar” novamente. Como? Pela curiosidade. Deixou-me pendurada à espera do segundo livro. Não pela belíssima história ou pela qualidade do livro mas simplesmente pela maldita curiosidade de quem detesta fins em aberto ou histórias não finalizadas.
No fundo, ok.. bem lá no fundo, se filtrarmos o livro e tirarmos o sexo em excesso e a linguagem grosseira e ordinária, conseguimos ficar com o leve despertar de uma história que, noutra situação e muito bem trabalhada, poderia trazer algo bom, algo novo, algo interessante.
Não é uma obra prima, e penso que não o pretende ser. Mas entretém. E se sofrerem desse bicho que é a curiosidade vão querer tirar a vossa própria opinião. Eu cá ficarei à espera da continuação para, simplesmente, ver no que “isto” vai dar.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Magia ao Vento - Opinião


Magia ao Vento, de Christine Feehan

«Christine Feehan é a rainha da história do amor sobrenatural.»
New York Times

A Sarah voltou para casa. Desde que Damon Wilder procurou refúgio em Sea Haven ouve-se o mesmo boato passar de boca em boca de quase todos os habitantes da pacata vila costeira. Até o vento parece murmurar o nome dela - um devaneio tão sugestivo que leva o curioso Damon até à casa da falésia de Sarah, onde procura o seu abrigo.
Mas Damon não chegou sozinho. Foi seguido por alguém até Sea Haven. Alguém que rodeia as sombras da casa Drake, onde Sarah esconde os seus próprios segredos. O perigo ameaça os dois - tal como o desejo mais premente que alguma vez sentiram - e está a apenas um sussurro de distância.

Este livro surge nas minhas mãos graças à partilha do Bookcrossing. Na altura inscrevi-me no ring (partilha) por achar graça ao nome. Quem me conhece sabe que não resisto a um titulo destes…
As expectativas não eram muitas. Um pequeno livro que me parecia mais um destes romances da moda. Afinal enganei-me. E ainda bem!
Magia ao Vento leva-nos até Sea Heaven, uma pequena aldeia onde Damon Wilder quer passar despercebido. Damon traz preso a si um passado não muito longínquo que lhe enegreceu o coração.
Mas certa manhã a aldeia acorda com o sussurro de que Sarah voltou para casa. A casa da falésia, que sempre encantara Damon, volta novamente à vida à medida que as irmãs Drake retornam a casa. Com elas trazem os elementos (fogo, terra, água e ar), sussurros do vento, magia e uma velha profecia que pode envolver Damon.
E Damon vê em Sarah algo que nunca vira e de que nunca se achara ser capaz: amor.
Entre sombras negras, ameaças de perigo e muita confiança Sarah e Damon terão de ser capazes de lutar pela vida e pelo que sentem.
Um livro leve e muito fácil de ler em poucas horas. Gostei bastante da personagem de Sarah e das irmãs. As suas histórias e os seus pequenos segredos. Aos poucos apaixonamo-nos por cada uma delas. E, em certas alturas, o livro consegue transportar-nos para Sea Heaven e juntar a nossa voz à das irmãs Drake.
Recomendo a quem goste, ou procure, uma leitura leve ou que goste do tema. Eu ficarei de olho na autora!

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

O Castelo dos Pirenéus - Opinião


O Castelo dos Pirenéus, de Jostein Gaarder

«Como explicamos as coisas para as quais não temos respostas? Esta é a questão central do novo romance de Jostein Gaarder. O autor descreve-nos as posições das personagens com grande intensidade e comove-nos profundamente com a situação em que se encontram.» - Times Literary Supplement

Depois de trinta anos sem se verem, Solrun e Steinn reencontram-se, inesperadamente, no mesmo hotel onde viveram um amor apaixonado. Mas esse mesmo hotel, que em tempos testemunhara a força do seu amor, esconde também o mistério que envolveu o seu fim. Regressados às suas vidas presentes, os dois iniciam uma intensa e secreta troca de emails que volta a incendiar a antiga paixão, fazendo-os questionar os seus casamentos. Um romance fascinante nos leva a reflectir sobre a natureza da fé, do acaso, do universo e de tudo o que nele existe.

O Castelo dos Pirenéus é o meu regresso ao meu escritor preferido. É como chegar a uma casa quente e acolhedora após um passeio ao frio. Entramos seguros e em pouco tempo afundamo-nos na escrita cativante do autor.
Desta vez Jostein Gaarder traz-nos a correspondência de dois ex-namorados que se tornam a encontrar trinta anos depois. Terá sido coincidência? É esta coincidência, a busca de uma consciência do mundo e a discussão da fé de cada um que origina a troca de emails que se sucede entre os dois.
Revivem a sua história, a sua busca interior e o acontecimento que trinta anos antes ditara a separação.
Steinn tornou-se um cientista, longe da fé. Solrun acimentou a sua busca pela fé, por um criador, por uma alma. Ambos viveram separados. Casaram e têm filhos. Mas o reencontro funciona como uma purga de velhos fantasmas.
Retomando um tema já focado em Maya – O Romance da Criação, Jostein Gaarder volta a usar o big bang e a evolução para nos fazer questionar a alma e a consciência humana.
Um livro que nos deixa a pensar. Que nos impede de desligar, mesmo depois de pousado. Uma viagem às nossas próprias crenças e à nossa alma.
Sabe bem voltar a casa!

"É assim tão importante? Ter razão? Ou ter o desejo e a capacidade de lançar as irritantes sementes da dúvida na fé de outrem?"

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

A Dama Negra - Opinião


A Dama Negra, de Nora Roberts
Edições Chá das Cinco (Chancela da Saída de Emergência)


"A Dama Negra é do melhor que Nora Roberts alguma vez escreveu."
People

O ar estava frio quando a Dra. Miranda Jones chegou a casa depois de uma longa semana de trabalho. Mas o seu sangue gelou quando sentiu encostarem-lhe uma faca ao pescoço. Depois de roubarem tudo o que trazia, os assaltantes desapareceram.
Profundamente abalada, Miranda decide esquecer aquela experiência assustadora. E, para isso, nada como aceitar o convite para ir a Itália confirmar a autenticidade de A Dama Negra, um bronze renascentista representando uma cortesã dos Medici.
Mas, em vez de cimentar a sua posição como a maior perita mundial nesse campo, a viagem a Itália quase que lhe destrói a reputação. Sentindo-se alvo de uma cilada, Miranda está decidida a limpar o seu nome. Mas ninguém parece disposta a ajudá-la... com a excepção de Ryan Boldari, um sedutor ladrão de arte cujos objectivos são obscuros...
Agora torna-se evidente que o assalto à porta de sua casa foi muito mais do que isso e que A Dama Negra possui tantos segredos quanto a cortesã que a inspirou. Com a ajuda de um homem em quem não deve confiar mas por quem sente uma atracção intoxicante, a solução para todo este enigma parece repleto de traições, mentiras e perigos mortais.

A Dama Negra é uma leitura recorrente. Li-o a primeira vez quando ainda nem sabia quem era a autora e cativou-me logo. A semana passada uma amiga pediu-me uma recomendação de um livro de Nora Roberts e sugeri-lhe este. Depois, ao falar com ela, começou a “roer” o bichinho de ler A Dama Negra novamente.
O tema é muito interessante: a arte. Os corredores por onde artistas, agentes, galeristas se movem. A explicação de algumas obras que conhecemos e a descrição de obras que a curiosidade nos faz ir pesquisar. O livro não é apenas um romance. É misterioso, artístico e arrebatador.
A personagem de Miranda é fascinante. Mas mais ainda a de Ryan, com a sua família italiana e irlandesa. O contraste completo com a família de Miranda, uma família fria, sem emoção, sem laços.
A descoberta do bronze A Dama Negra leva a protagonista para Florença onde as coisas não correm como planeado. De volta ao Maine (as descrições são fantásticas) o seu local de trabalho é assaltado e desaparece um outro bronze David. É Ryan, o ladrão de arte sedutor, que vai fazer a ligação entre todos os acontecimentos que rodeiam Miranda e descobrir que ela é a ligação, ela é o alvo… mas de quem?
Um romance arrebatador em que as 400 páginas do livro são devoradas em pouco tempo. Um dos melhores livros da autora, sem dúvida.
Apenas um aparte em relação à tradução. Há alguns erros de tradução. O mais crasso é a repetitiva tradução de restauro para “restauração”. Meus amigos, restauração são restaurantes e restauro é a arte de “reparar” uma obra de arte. Não fazia mal à editora fazer uma nova revisão do livro.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Uma Noite de Amor - Opinião


Uma Noite de Amor, de Mary Balogh

Numa manhã perfeita de Maio…
Neville Wyatt, conde de Kilbourne, aguarda a sua noiva no altar. Mas, para espanto geral, em vez da bela jovem que todos conhecem aparece uma mendiga andrajosa. Perante a nata da aristocracia, o perplexo conde olha para ela e declara que é Lily, a sua mulher! Ao olhar para aquela que em tempos desposou, que amou e perdeu nos campos de batalha de Portugal, ele compromete-se a honrar o seu compromisso… apesar do abismo que agora os separa.
Até que Lily fala com franqueza
E afirma querer começar de novo… e que Neville a ame verdadeiramente. Para isso, sabe que terá de estar à altura das expectativas dele, o que a leva a aceitar ser dama de companhia da sua tia e aprender as boas maneiras. A determinada Lily rapidamente conquista a admiração da alta sociedade, demonstrando ser uma condessa à altura do seu conde. Por seu lado, Neville está disposto a tudo para provar à sua formidável mulher que o que sentiu por ela no campo de batalha foi muito mais que desejo, muito mais do que o arrebatamento de…
Uma noite de amor.

Este livro surge como uma curiosidade à referência de Portugal. Para mim prometia ser mais um destes novos romances pseudo-eróticos que andam na moda, estilo Madeline Hunter ou Nora Roberts. Nada contra, aviso desde já. De vez em quando sabe bem ler um destes livros “água com açúcar”, como dizem os brasileiros.
Mas este livro foi mais uma surpresa. Primeiro uma desilusão… depois uma surpresa.
A desilusão chega com a referência a Portugal. Afinal não passa disso mesmo… uma referência. Os campos de batalha não são localizados com precisão falando-se sempre do “centro de Portugal” e nada mais sobre o nosso país é referido.
A surpresa vem por não ser um mero livro “água com açúcar”. Não nos fala de um amor que floresce e que é levado ao êxtase. Fala-nos sim de um amor que tem de ser trabalhado e que precisa de uma comunhão não apenas sexual.
Lily é uma personagem fascinante. Alberga em sim toda a inocência do mundo e toda a esperança, mesmo passando pelas atrocidades que passou. Atravessa a península ibérica em busca do seu amor e consegue chegar a ele… no dia do seu casamento com outra. Lily vai lutar muito pela sua felicidade. Mesmo que para isso tenha de sair da vida de Neville.
Neville, por sua vez, é alguém que após perder Lily se habituou ao simples companheirismo de Lauren, a sua noiva. Esqueceu o que era uma vida de amor e espera encontrar na amizade de Lauren um futuro em conjunto. Mas após o regresso de Lily ele percebe que nunca poderia viver sem amor. E que o que Lily lhe oferece não é apenas uma comunhão carnal, e sim uma comunhão de sentimentos, compreensão e respeito. É para essa comunhão que ambos trabalham.
No fim há ainda a revelação de um grande segredo. Não é propriamente um policial pelo que por volta do meio do livro já os leitores o devem ter percebido.
Uma leitura leve para dias de verão. Levar para a praia, para o campo ou para a esplanada. Um livro para relaxar.