terça-feira, 26 de novembro de 2013

Os Jogos da Fome, de Suzanne Collins - Opinião



Os Jogos da Fome, de Suzanne Collins
Os Jogos da Fome - Livro I

Num futuro pós-apocalíptico, surge das cinzas do que foi a América do Norte Panem, uma nova nação governada por um regime totalitário que a partir da megalópole, Capitol, governa os doze Distritos com mão de ferro. Todos os Distritos estão obrigados a enviar anualmente dois adolescentes para participar nos Jogos da Fome - um espectáculo sangrento de combates mortais cujo lema é «matar ou morrer». No final, apenas um destes jovens escapará com vida… Katniss Everdeen é uma adolescente de dezasseis anos que se oferece para substituir a irmã mais nova nos Jogos, um acto de extrema coragem… Conseguirá Katniss conservar a sua vida e a sua humanidade? Um enredo surpreendente e personagens inesquecíveis elevam este romance de estreia da trilogia Os Jogos da Fome às mais altas esferas da ficção científica.

Quando a colecção Os Jogos da Fome saiu no mercado português deixou-me bastante de pé atrás. Na mesma altura éramos bombardeados com novas edições de vampiros, zombies, e toda uma panóplia de romances sobrenaturais que achei, sinceramente, que Os Jogos da Fome era mais do mesmo.
Foi por isso natural que deixasse assentar a poeira do entusiasmo, enaltecida ainda mais pela versão cinematográfica, para que finalmente me pudesse dedicar ao livro.
O resultado? Todas as minhas ideias pré-feitas foram por água abaixo.
Os Jogos da Fome é um livro muito interessante, seja pela história, pelas personagens ou pelas ideias transmitidas.
Vejamos…
A autora apresenta-nos uma futura América do Norte pós apocalíptica. Após guerras e massacres surge uma nova nação governada pelo Capitólio. A nação é dividida em 12 distritos e cada distrito é único, seja pelas suas características, seja pelo trabalho a que se dedica. Os distritos não interagem entre eles criando uma ideia de isolamento que, ao mesmo tempo, impede a ideia de revolta. Muita coisa é proibida e os castigos cruéis. A lei é implementada a braço de ferro e através do terror. Terror esse que alcança o expoente máximo com os Jogos da Fome, um combate anual onde 24 adolescentes terão de matar para sobreviver.
Katniss vive com a mãe e a irmã num desses distritos. O seu distrito dedica-se ao trabalho nas minas, local onde perdeu o pai. Katniss sabe que para sobreviverem tem de contornar algumas regras, como por exemplo entrar no bosque para caçar e vender a carne no mercado negro. Quando a irmã mais nova de Katniss é escolhida como representante do distrito para os jogos desse ano, Katniss tem de se valer das suas armas e da sua experiência de caça para substituir a irmã (oferecendo-se como voluntária) e tentar voltar a casa viva.
Todo o livro se centra em volta dos jogos. Da maneira como são feitos, da maneira como são transmitidos para todos os 12 distritos (os habitantes são obrigados a ver as transmissões televisivas). Acima de tudo o livro conta a maneira como os mais poderosos e com dinheiro conseguem-se valer do seu dinheiro e com ele usar vidas humanas que se digladiam numa arena.
E isso é o mais importante. Não é o possível romance ou a maneira inteligente como Katniss vai conseguindo sobreviver nos jogos. O mais importante que é transmitido ao leitor é a ideia de uma nação poderosa que faz dos seus habitantes meros peões num jogo de xadrez. Várias vezes ao longo do livro, através das conversas de Katniss e Peeta, vemos o ponto de vista das personagens. Peeta refere o não se importar de morrer mas o querer fazer a diferença. Fazer ver aos poderosos que não é um mero peão. Sim, podem ficar com a sua vida, e vangloriar-se disso, mas ele tentará mostrar a quem o vê na televisão que podem ser mais que isso, mais que peões.
Acima de tudo Os Jogos da Fome conseguem ser uma lição. Fez-me lembrar muito 1984, de George Orwell e o seu Big Brother. A constante pressão para aceitar as ideias do poder, a perseguição de quem não o faz. Penso, sem dúvida, que após esta trilogia o livro 1984 pode ser muito melhor percebido para estes novos leitores que apenas olhavam para ele como uma leitura massiva e chata.
Os Jogos da Fome não é um livro sobre romances sobrenaturais. É um livro sobre luta pela vida e pelos ideais, pela mudança sem conformismos. De uma maneira simples mas bastante eficaz para chegar aos mais novos.
Se recomendo? Sem dúvida!

4 comentários:

  1. Com uma crítica tão entusiástica, tenho que o ler. Também desconfio dos best-sellers (por isso ainda não li Sombras de Grey e afins), normalmente quando os livros são muito populares, é sinal que não lhes acharei grande piada.
    Mas não há pré-conceitos, literários e outros, que não sejam abalados até aos seus alicerces. E isso é bom. É sinal que estamos vivos.
    Beijinho

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    1. Gostei mesmo muito. Nota-se? ;)
      Evitei a confusão de o ler na altura. E quando saiu o filme dizia a uma colega que não percebia a algazarra em volta dele. Na altura ela disse-me que só quando o lesse iria perceber. E é verdade. Abala bastante as ideias pré-concebidas. E dentro do género que prolifera neste momento é realmente muito bom já que tem um condão fundamental nos livros: faz-nos pensar.

      Um beijo enorme

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  2. Olá Confesso que há já algum tempo que me sinto tentado em Ler esta saga. Há dias apanhei o primeiro volume por um preço excepcional num hipermercado, mas mesmo assim consegui resistir-lhe. Tenho lido algumas opiniões sobre estes livros e quase todas são unânimes. Valem a pena serem lidos.
    Vou ver o 1º filme, que julgo que vai na televisão agora no ano novo. Veremos se sou capaz de me render.
    Boas Leituras e um excelente ano de 2014.

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    1. Olá!
      Antes de mais obrigada pela visita.
      Também andei a resistir durante bastante tempo à saga. Ainda não vi o filme já que nestas sagas e histórias do género acabo por tentar ler sempre antes de ver o filme. Ver se o faço agora.
      É sem dúvida uma saga a seguir.
      Boas leituras!

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