quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

A Sombra do Vento, de Carlos Ruiz Zafón - Opinião

A Sombra do Vento, de Carlos Ruiz Zafón
Bis – Leya

Numa manhã de 1945, um rapaz é conduzido pelo pai a um lugar misterioso oculto no coração da cidade velha: o Cemitério dos Livros Esquecidos. Aí, Daniel Sempere encontra um livro maldito, que muda o rumo da sua vida e o arrasta para um labirinto de intrigas e segredos enterrados na alma obscura de Barcelona.
Juntando as técnicas do relato de intriga e suspense, o romance histórico e a comédia de costumes, A Sombra do Vento é sobretudo uma história trágica de amor, cujo eco se projecta através do tempo. Com uma grande força narrativa, o autor entrelaça tramas e enigmas ao modo de bonecas russas num inesquecível relato sobre os segredos do coração e o feitiço dos livros, numa intriga que se mantém até à última página.
A Sombra do Vento é um mistério literário passado na Barcelona da primeira metade do século XX, desde os últimos esplendores do Modernismo até às trevas do pós-guerra. Um inesquecível relato sobre os segredos do coração e o feitiço dos livros num crescendo de suspense, que se mantém até à última página.

Este livro foi uma prenda de aniversário da minha irmã (podem encontra-la no Berço do Mundo). Mas com uma pilha de livros para ler, mais trabalho, mais actividades extra-curriculares, estava difícil de arranjar tempo para ele. Mesmo com ela sempre a reiterar que o livro era muito bom e que estava ansiosa para saber o que eu acharia dele.
A Sombra do Vento foi o último livro de 2013. Acabado de ler no dia 30 de Dezembro acabou o ano em beleza. O que pedir mais do que um livro que fechasse o ano com chave de ouro?
O livro foi mais que uma boa surpresa. Foi uma descoberta apaixonante. Um fio que nos envolve em cada palavra, em cada capítulo, em cada personagem que conhecemos. Um fio que nunca mais nos larga. Nem mesmo quando chegamos ao fim.
Começamos a narrativa a conhecer Daniel, uma criança ainda, que é levada pelo pai a um lugar fascinante que, de certeza, todos gostaríamos de conhecer: o Cemitério dos Livros Esquecidos. Aí Daniel escolhe um livro (ou é escolhido por ele) que o vai transportar numa aventura fantástica por Barcelona, pela literatura, pela sua própria vida e condição humana.
Confesso que o autor me fez lembrar muito o meu autor preferido, Jostein Gaarder. Embora com uma escrita diferente, com palavras e histórias diferentes, fez-me lembrar O Mundo de Sofia. A forma como Daniel lia o livro de Carax, e ao mesmo tempo iam surgindo as histórias das personagens que o acompanhavam, a vida delas. Como um livro dentro de outro, dentro de outro e dentro de outro. Tal como Gaarder quando nos apresenta Sofia, personagem que Hilde lê, que por sua vez é uma personagem que nós lemos. Confusos? Pensem nas famosas bonecas russas, as Matrioshkas. Dentro de cada uma encontramos uma nova personagem, uma nova história.
As personagens são tão ricas que é difícil escolher uma. São todas tão fascinantes, com histórias de vida tão ricas que é difícil dizer que apenas uma ou outra é a principal.
E o cenário? Uma Barcelona em guerra e pós guerra. Retratos de quem sofreu a tortura e a perseguição, de quem perdeu familiares ou os viu entrar para a prisão sem nunca mais ter notícias deles.
O que posso dizer mais? Que recomendo a leitura a toda a gente, que é um livro 5 estrelas que vale a pena ler. A linguagem é acessível e a narrativa fluída.

É sem dúvida um autor a manter debaixo de olho e um livro para ir relendo de quando em quando. 

4 comentários:

  1. Respostas
    1. Sim, Jojo, é um livro inesquecível. E penso que será daqueles que de cada vez que relemos descobrimos algo novo que na ânsia de o ler a primeira vez nos escapa.
      Obrigada pela visita. Beijocas

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  2. Ai até que enfim. Pensei que nunca mais lias o livro.... Fico feliz por teres gostado. Não adoraste a Bernarda? Maternal, com pêlos de sobra, crédula até doer. E o Barceló? Não davas um braço para conhecer alguém como ele?
    Caramba, as personagens são "priceless". Só por elas já vale a pena ler o livro...
    Beijoca

    P.S. O Jogo do Anjo não é tão bom

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    1. Fiquei com tempo de sobra nos últimos tempos :p
      O livro deixa-nos sem palavras. E deixa-me com o problema de que qualquer livro depois deste me sabe a pouco.
      Acho que não consigo escolher uma só personagem. Mas Daniel e Carax são sem dúvida as minhas preferidas. E Fermin.
      A história da caneta do Victor Hugo fez-me lembrar a pena que me ofereceste. Se calhar aproveito o tempo de prisão domiciliária para escrever um romance ;)
      Beijo enorme!

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