segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Catarina de Áustria -Infanta de Tordesilhas, Rainha de Portugal - Opinião


Catarina de Áustria - Infanta de Tordesilhas, Rainha de Portugal, de Ana Isabel Buescu

A 14 de Janeiro de 1507 nascia em Torquemada a filha de Filipe I e de D. Joana, reis de Castela. A infanta, a quem por vontade da mãe foi dado o nome de Catarina, vinha ao mundo em circunstâncias singulares. Nascia num momento de profunda incerteza política, órfã de pai, falecido em 1506, e filha de uma rainha a quem muitos começavam a chamar Louca. Em 1509, D. Joana foi encarcerada no paço régio de Tordesilhas, às ordens de Fernando o Católico. Catarina partilhou com a mãe o cativeiro e aí cresceu num monótono e confinado quotidiano apenas quebrado em 1518 pelo breve episódio do seu «rapto» pelo seu irmão Carlos, recém-chegado a Espanha, e pela revolta das Comunidades de Castela em 1520. Em 1524, o destino de Catarina mudou. No âmbito do diferendo entre Portugal e Castela em torno das ilhas do «cravo e das especiarias» de Maluco, seu irmão, o imperador Carlos V, concerta o seu casamento com D. João III. D. Catarina ocupou o trono de Portugal até à morte de D. João III e foi regente na menoridade do rei D. Sebastião, seu neto, até 1562, num quadro de tensão política entre facções e sensibilidades no qual D. Catarina, para lá de qualquer outro juízo, sempre evidenciou inegáveis qualidades de inteligência e determinação. A sua vida foi marcada pelo drama da morte de todos os nove filhos, que gerou num processo que, dadas as tão estreitas relações familiares e dinásticas com a Espanha de Carlos V e depois de Filipe II, veio a fazer da sucessão do trono português um delicado problema político. D. Catarina faleceu na madrugada de 12 de Fevereiro de 1578, poucos meses antes de se consumar, em Alcácer-Quibir, o desaparecimento de D. Sebastião e, com ele se traçar o fim da dinastia de Avis.

Este livro surge na minha estante por necessidade pessoal de saber mais sobre a vida de D.ª Catarina. Ao contrário do que pensava não é um livro romanceado, como está agora na moda. Trata-se de um livro de dados e factos históricos que não pretende tentar ser mais do que o que já foi escrito por historiadores anteriores a Ana Isabel Buescu.
É-nos apresentada a vida de D.ª Catarina desde o seu nascimento, 1507, até à sua morte, 1578, na tentativa de reconstruir a sua vida, os seus movimentos, os seus gostos, as suas alegrias e infelicidades.
E foi, realmente, uma vida com muitas infelicidades. Desde pequena encerrada em Tordesilhas com a mãe, alcança a liberdade com o casamento com D. João III e quando o futuro parecia risonho vê morrer todos os seus filhos e, quase, o do seu neto também.
A autora descreve Catarina como uma mulher forte, inabalável, capaz de governar um reino. Dá provas de um casamento que, apesar de político, lhe trazia alegrias e companheirismo. Com base em cartas de pessoas ao seu serviço apercebemo-nos que D. João III nutria um verdadeiro carinho pela sua esposa. E foi, talvez, esse carinho que permitiu que sobrevivessem e continuassem após a morte dos 9 filhos.
Se esquecermos, por momentos, que estamos a ler uma biografia de uma rainha e pensarmos somente numa mulher percebemos o quão dura foi a vida para Catarina e o quão forte foi ela para continuar a governar o país. Viver enclausurada sem conhecer outra vida até aos 18 anos, perder os seus filhos e ver-se depois abandonada pelo neto.
O livro dá-nos ainda a perspectiva da época. Os jogos políticos que os casamentos traziam, a eterna rivalidade entre o reino de Espanha e o de Portugal, a importância das aias e camareiras da rainha. Um livro rico em informações trazendo também algumas imagens de quadros e objectos pertencentes aos reis.
Uma boa surpresa, um livro que ensina, que retrata uma época e que informa. A maior surpresa foi talvez o ler sobre Joana, a Louca, mãe de D.ª Catarina. Ainda não tinha lido nada sobre esta figura tão falada e fiquei bastante impressionada com a sua história.
Recomendo!

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