segunda-feira, 21 de maio de 2012

Maldito Karma - Opinião


Maldito Karma, de David Safier

Este romance conta-nos as provações e atribulações de Kim Karlsen, uma personalidade de televisão cuja carreira obsessiva lhe traz graves repercussões cósmicas. Kim trai o marido, esquece a filha e maltrata colegas. Tudo parece valer a pena quando ganha o mais prestigiado prémio da televisão alemã, mas nessa mesma noite ela é esmagada por destroços de uma estação espacial russa...

«O dia da minha morte não teve graça nenhuma. E não foi só porque morri. Para ser mais exacta, isso ficou mais ou menos em sexto lugar no ranking dos piores momentos do dia. No quinto lugar, ficou o instante em que Lilly olhou para mim com olhos sonhadores e me perguntou:
– Mamã, por que não ficas em casa? Hoje é o dia dos meus anos! Ao ouvir isto, veio-me à cabeça a seguinte resposta: «Se há cinco anos eu soubesse que o teu aniversário havia de coincidir um dia com a entrega dos Prémios TV, tinha tentado que nascesses antes. E de cesariana!»
Mas limitei-me a responder-lhe em voz baixa:
– Oh, querida, tenho tanta pena.»

Já tinha comigo este livro há algum tempo. Pelo menos desde que saiu para as livrarias portuguesas, em 2011. Foi ganho num passatempo e tinha bastante curiosidade em lê-lo.
Este ano, com a edição do novo livro do autor, voltei a reler óptimas críticas e opiniões sobre o livro.
Foram elas que me fizeram pegar de vez nele e apreciar a viagem à volta da vida de Kim.
O livro traz uma espécie de lição de moral inerente. Para demonstrar que aqueles que levam uma vida em função dos seus objectivos, sem olhar a meios para conquistar os seus fins, podem sofrer quando menos o esperam.
Kim é uma dessas pessoas. Mulher extramente ambiciosa relega para segundo plano (e terceiro e quarto) a sua vida familiar. Não demonstra remorsos por deixar a sua filha, de cinco anos, sozinha no dia do seu aniversário. Nem pelo facto de mesmo assim o seu principal pensamento ser pensar no seu rival, nos prémios, deitado na sua cama.
É por isso que quando, atingida pelo urinol da estação espacial russa, morre e acorda como formiga não acredita à primeira. E lhe custa habituar-se à ideia de que a sua função a partir dessa altura seja trabalhar várias horas seguidas a transportar comida para o formigueiro.
Mas lá conhece uma formiga como ela. Giacomo Casanova, o famoso sedutor. É ele que lhe vai explicar que a acumulação de boas acções lhes valerá a reencarnação em diferentes animais, subindo a escada do karma e, assim, poder voltar a ser humano.
A ideia da história é engraçada. Pelo menos promete ser. E por isso fiquei desapontada por não conseguir ver no livro a graça que os outros viam. Talvez fosse da altura em que lhe peguei, talvez do humor pessoal…
É interessante ver a forma como as personagens mudam ao longo da história. Ver Kim mudar a sua personalidade e tornar-se mais “humana” enquanto tenta acumular boas acções.
No entanto, isso não foi suficiente para mim.

Recomendo a quem queira desanuviar um pouco de leituras mais pesadas.

2 comentários:

  1. Estou a ver que não foi um dos livros da tua vida. Mas, concordo, a ideia é gira. Vê lá se mo emprestas. Muahhh

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    1. Não é decididamente um dos livros da minha vida. Quando o quiseres é só apitares que to mando no correio.

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