quinta-feira, 21 de julho de 2011

Encontro de amor num país em Guerra - Opinião

Encontro de Amor num País em Guerra, de Luis Sepúlveda
Edições Asa

"A aventura e a política, o amor e a guerra, a viagem e a utopia, a ironia e o mistério: todo o mundo do autor, com as paixões e os seus temas (alguns, como o tema amoroso, presentes pela primeira vez com tanta intensidade), comparece neste notável livro de relatos, que vem confirmar a mestria do grande escritor chileno e a sua incontornável presença na primeira fila dos grandes contadores de histórias nossos contemporâneos."

O livro apresenta-se como uma reunião de crónicas que parecem ter como ponto comum o Chile, o amor e, principalmente, a guerra.
Há contos de todos os tamanhos. Contos pequenos que passam por nós fugazes como areia entre os dedos, ou contos maiores que nos fazem ansiar por mais.
Confesso que me custou um pouco pegar-lhe. Os contos curtos não me deixavam a ânsia de querer saber mais, o suspense do final, o tempo suficiente para me apaixonar pelas personagens.
No entanto, há personagens que me ficaram na memória e que, certamente, gostaria de voltar a reencontrar. Falo de Mabel, a mais nova de três irmãs que tiveram a infelicidade de nascer mudas; Itzahuaxatin, bibliotecário, que tem à sua guarda o bem mais poderoso do seu senhor, e que o guarda com a vida; Ali Kazam, o faquir que se achava herói e que agradece ao seu amigo tudo o que fez por ele.
Tantas personagens que passam. Algumas não lhes sabemos o nome. Narradores que contam a história na 1º pessoa. Que contam os seus amores e tristezas.
Quanto aos contos nomeio dois que adorei. "Mudança de Rumo", um pequeno conto sobre uma viagem de comboio; e "Uma Casa em Santiago", uma espécie de mito urbano.
Não é um livro que se ame ou odeie. É um livro que se lê, com calma, saboreando as palavras de um excelente escritor.


O Autor
Luis Sepúlveda nasceu Ovalle, no Chile, em 1949. Reside actualmente em Gijón, na Espanha, após viver entre Hamburgo e Paris.
Membro activo da Unidade Popular chilena nos anos setenta, teve de abandonar o país após o golpe militar de Pinochet.
Viajou e trabalhou no Brasil. Uruguai, Paraguai e Peru. Viveu no Equador entre os índios Shuar, participando numa missão de estudo da UNESCO. Sepúlveda era, na altura, amigo de Chico Mendes, herói da defesa da Amazónia. Dedicou a Chico Mendes "O Velho que Lia Romances de Amor", o seu maior sucesso.
Perspicaz narrador de viagens e aventureiro nos confins do mundo, Sepúlveda concilia com sucesso o gosto pela descrição de lugares sugestivos e paisagens irreais com o desejo de contar histórias sobre o homem, através da sua experiência, dos seus sonhos, das suas esperanças.

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